Amanda
Meus olhos estavam fixos na televisão,
mas minha mente estava naquela tarde. Cada segundo, cada instante, desde o
momento que entramos na loja de tatuagens até ao momento em que fugi de sua
casa. Bem, não foi propriamente fugir, foi mais sair a socapa.
Não tinha coragem suficiente para olhar
para ele, nem sabia ao certo o que tínhamos acabado de fazer, o que
significava, se significava alguma coisa. Conhecendo-o como conheço não havia
significado algum, e apesar de saber isso continuava a doer tudo por causa das
suas regras insensíveis.
A porta da entrada bateu acordando-me do
transe em que me encontrava, e fazendo-me tirar os olhos da televisão.
Alena, minha irmã mais velha, tinha
acabado de entrar, estava diante ao espelho arrumando seus cabelos e apertando
suas bochechas, dando alguma cor devido a palidez que tinha depois dos seus
actos. Tinha deixado-me sozinha vendo o filme que ela tinha escolhido depois do
jantar, escapuliu-se para ir ter com Isaac, seu namorado, assim que os pais
tinham ido deitar-se.
- Ei! – Seus dedos estalavam diante de
meus olhos, alguns centímetros de distância, despertando-me dos meus
pensamentos – Você hoje está viajando muito, mocinha – atirou-se ao sofá onde
me encontrava.
- Pensando em algumas coisas – comentei
dando novamente atenção ao filme.
- Michael pediu-te em namoro? – Questionou
com a sua voz demasiado aguda, mostrando seu entusiasmo.
- Não – respondi o mais rápido que pude,
não conseguindo disfarçar a carranca que surgiu no meu rosto com a sua
suposição – Nem sequer gosto dele – confessei mais uma vez meus sentimentos.
- O quê? – A sua voz saiu ainda mais
aguda – Como assim não gostas do Michael? – A surpresa da minha confissão
estava sendo demonstrada até nos seus poros.
- Não gostando – respondi – Era só um
fascínio, curiosidade – expliquei.
- Então se não foi o Michael, quem é o
macho que deixou-te assim, aluada? – Sentou-se a chines no sofá, virada na
minha direcção após desligar a televisão, para que toda a nossa atenção esteja
na conversa que não pretendia, mas precisava ter.
- Porque tem que ser o sexo oposto
responsável? – Virei-me para ela também.
Nos seus lábios formaram-se um sorriso
pequeno e bastante caloroso, um sorriso que parecia que ela tinha feito uma
descoberta e que tinha agradado-a.
- Que foi que o Steven fez? – A menção
do seu nome fez-me engasgar com a minha própria saliva, como isso era possível?
Não fazia a mínima ideia. Porém foi exactamente o que tinha acontecido. O que
ele fez? O que tínhamos feito? O que tinha acontecido naquela tarde? Lembrar de
tudo não era bem a ideia que tinha para passar o resto do dia, mas eu precisava
deitar tudo fora, confidenciar a alguém, e não podia ser o Steven, então teria
de ser a Alena.
Seus olhos estavam arregalados e a boca
aberta. Nem sequer vendo-me aflita quebrou a surpresa que ela sentia.
- Ele finalmente declarou-se?
Finalmente! – As palavras saiam de sua boca como se estivesse cantando
“Aleluia”. Alena achava que Steven morria de amores por mim e que era essa uma
das razões que o único relacionamento sério dele era a nossa amizade. Ela
acreditava tanto nisto que fez meu pai ter a mesma crença, e com isso surgiu a
proibição do Steven ir para o meu quarto, o que não serviu para nada, porque
nada impediria o Steven de ter o que ele quer e quando quer.
- Não sei de onde tu tiraste essa ideia
– revirei os meus olhos – Ele só gosta de mim como amiga, ou nem como isso –
novamente as regras do meu melhor amigo tomaram controlo da minha mente.
- Oh – Alena gemeu ou fez algo assim –
Céus nos acudam – seu queixo estava novamente caído, provavelmente as duas
horas de amasso devem ter dado cabo do seu maxilar e ela não consegue ficar com
a boca fechada por muito tempo – Tu estás apaixonada – voltei a encara-la –
Pelo Steven – cobriu os seus lábios não acreditando no que tinha acabado de
dizer.
- Não – minha voz saiu fraca e nada
credível, e o seu olhar de “me engana que não compro” estava depositado em mim
– Eu não sei – confessei – Acho que sim, eu não posso – meus dedos brincavam um
com o outro – Ele tatuou meu nome no peito – contei a minha irmã.
Mais uma vez, lá estava ela com a boca
aberta sem temer que algum insecto voador entra-se.
- Conta-me essa história todinha – pediu
curiosa.
“Ainda estava incrédula desde o
momento que Steven disse ao Luke, o tatuador, o que ele iria fazer naquela
tarde. Não consegui nem mesmo tirar aquela ideia estúpida dele escrever meu
nome, o sorriso que ele deu-me ao dizer o meu nome ao Luke tirou-me do Mundo,
até agora que entramos em sua casa.
- Porquê?- questionei-o assim que
entramos no seu quarto.
- Porquê o quê? – Atirou sua mochila
para algures no quarto e sentou-se na cama para poder descalçar.
- Meu nome! Você tatuou meu nome!
– Corri minhas mãos pelos meus longos fios e olhos fixos no meu melhor amigo
que tinha um sorriso estupido no rosto.
- Não gostaste? – Questionou –
Agora já não há volta a dar! – Mostra-me a sua língua comprida enquanto tirava
a camisola.
- Eu vou arranjar dinheiro para
você remover isso – avisei-o sentando-me na sua cama.
- Você odiou assim tanto? – Sua
expressão fácil já não era assim tão divertida.
- Você gravou meu nome na sua
pele – isso não era assim tão óbvio de se compreender. Estava tendo um ataque
de pânico, meu melhor amigo tinha tatuado meu nome por cima de seu coração.
- A maioria das raparigas teria
amado ter seu nome marcado em mim para sempre – disse abrindo o zipper de sua
calça.
- Você não esta a espera que eu
faça o mesmo?
- Não – respondeu retirando uma
toalha do seu roupeiro – Não pense demasiado, tá? – pediu sentando-se na cama,
tendo seu rosto a centímetros de distância do meu – É só o meu jeito de dizer
que te amo – levantou-se da cama e entrou no banheiro”
- E ainda você diz que eu ando viajando?
– Alena interrompeu-me – Ele é teu maninha – disse vitoriosa.
- O Steven não é de ninguém – avisei-a.
- Não tenhas tanta certeza disso! – Seu
sorriso vitorioso ainda ocupava seus lábios enquanto ela ligava a televisão.
Deixando-me irritada, e novamente as regras do Steven vieram a minha cabeça.
1) Nunca a mesma rapariga
2) Namoradas de amigo, só se ainda não
tinha experimentado
3) Alena, nem pensar!
4) Oral, só em virgens.
5) Nunca fazer sexo com alguém de que
gosto, ou amo.
- Mas eu tenho – rebati – Ele nunca faz
sexo com alguém que ama – os olhos de Alena caíram sobre mim numa maneira demasiado
dramática para o meu gosto.
- Não diz que …
- Sim – interrompe-a – Não sei como, mas
uma hora eu estava fazendo a barba dele, outra nos beijávamos e depois eu
despertei nua na cama dele e ele ali do meu lado com braço na minha cintura e a
respiração a embater na minha nuca – disse quase gritando de incredulidade.
Como não conseguia acreditar no que
tinha feito? Se ainda senti o toque de seus dedos por meu corpo, a maciez dos
seus lábios pressionados nos meus.
Steven
Do andar de baixo não se podia ouvir
nenhum som se não o da televisão. Não fazia ideia se ela ainda estaria lá com
Alena, tudo que consegui ouvir foi quando seus pais vieram para o andar de
cima, e aí já estava esperando por ela por duas horas.
Não sabia o que dizer, como me desculpar.
Não sabia nem como aquilo tinha acontecido.
Apenas tinhas os seus olhos vagueando
pela minha mente o dia inteiro, e coisas estranhas que desejavam que ela
estivesse mais próxima. Que ela fosse tão minha quanto eu desejava.
Confiava mais nas suas mãos do que
qualquer barbeiro, foi ela que tinha feito-me a barba pela primeira vez e
gostava disso. Era simplesmente isso que queria, era simplesmente esse meu
objectivo quando a pedi que ela sentasse-se no meu colo, logo depois que tinha
saído do banho.
Por que porra ela tinha que ser tão
encantadora?
Meus olhos vagueavam por cada centímetro
do seu rosto, enquanto sua concentração estava na lâmina que percorria minhas
bochechas.
Não direi que era diferente do que senti
com as outras raparigas, quando nossos olhos se encontraram. Eu a queria,
queria que estivesse unido a ela. Não queria fodê-la! Queria conhecê-la melhor
que a conheço, essa era única diferença. Os sentimentos eram simultâneos, mas
com um objectivo diferente, eu não queria sexo, queria fazê-la minha, quando
tudo que ela devia ser minha é uma melhor amiga.
Mas Amanda permitiu, a culpa não era ao
todo minha.
Ela beijou-me também, os seus lábios ansiavam
os meus como os meus ansiavam os dela, nossas línguas dançaram por horas.
Do mesmo jeito que eu a queria, ela
queria-me. Quando nossos corpos tornaram-se um, ela gemeu o meu nome. Nós tínhamos
feito aquilo juntos, apesar de ter sido eu a começar. Porém precisava saber se
ela sentiu o mesmo que eu? Pois se for diferente, muita coisa iria mudar.
Levantei-me da cama assim que ouvi a
porta do quarto a abrir-se. Suas mãos ligaram o interruptor antes mesmo dela
ver-me ali.
Ao contrário do esperava, ela não se
assustou quando viu-me parado no meio de seu quarto.
- Era assim tão óbvio? – Questionei enfiando
minhas mãos no bolso das minhas jeans.
- Não – sua voz saiu fria – Apenas não
estou surpreendendo-me com mais nada, hoje – desviou seu olhar para outro canto
do quarto.
- Não tenhas vergonha – pedi – São coisas
que acontecem, Amanda – o som frio da sua gargalhada baixa fez-me engolir a
seco.
- Aquilo não podia ter acontecido –
informou o óbvio.
- Mas aconteceu! Ia acontecer há
qualquer momento – expliquei – A diferença é que foi comigo - sorri fraco.
- Não é minha virgindade, Steven -
deu-me uma informação nova – Foi o que mesmo o que aconteceu.
- O que é normal – disse fingindo
acreditar no que lhe dizia.
- É normal termos feito amor?
- Sexo – corrigi-a – Alguns amigos fazem
sexo.
- Podes ir embora – sua voz saiu ainda
mais fria que anteriormente.
- Pensei que devíamos falar? – Era a
coisa mais certa a fazer obviamente, conversarmos ao invés de fugir.
- Não quero falar agora – avisou-me – Só
quero que te vás embora.
- Não quero perder-te Amanda – confessei.
- O que isso significa? – Ela questionou
fazendo-me revirar os olhos. Mas que mensagem enigmática há por trás da frase “
Não quero perder-te” para significar outra coisa se não o que as palavras
dizem. MULHERES!
- Não sei – respondi.
- Que tal falarmos quando souberes –
falou dirigindo-se para a sua cama.
- E até lá? – Disse sentando-me do seu
lado.
- Até lá, tu és o Steven e eu a Amanda –
respondeu com os olhos fixos em alguma parte nada interessante e já conhecida
do quarto
- Os melhores amigos? – Disse virando
seu rosto para a minha direcção.
- Steven, nós nunca voltaremos a ser
melhores amigos, depois do que aconteceu – disse com os seus olhos castanhos
fixos nos meus.
E mais uma vez o sexo dominando a minha vida. Por que eu fui quebrar minha maldita regra?
E mais uma vez o sexo dominando a minha vida. Por que eu fui quebrar minha maldita regra?
__________________________________________________
Olá bebés! Como estão?
Sei que era para postar ontem, mas não consegui acabar o capítulo porque não sabia como começar o pov do Steven.
Então? O que há para dizer sobre o nosso penúltimo capitulo de TCTBWY??
Se vocês me fizerem sentir especial quando ler os comentários farei a Amanda rir, ou darei um final mais real, e princesa ninguém morri não!
Beijos até amanhã!
Domingo, estreia de Who?
Desculpa não ter comentado no capítulo anterior.
ResponderEliminarDetestei o Steven nesse capítulo.Realmente.
Posta logo.
Beijos :)
Hey
ResponderEliminarO capítulo ficou incrível!
Penúltimo, já? Poxa :(
Que fofo ele ter tatuado meu nome! Embora seja muita "responsabilidade", eu teria adorado isso! haha
"Alena, nem pensar!" ri com essa!
Que dó, ela pensa que ele não gosta dela... essa regra não faz sentido! kkk
Estou muito curiosa com o final!
Ah, eu que falei do seu blog à Jordana, ela amou, mas ainda não tinha comentado pela falta de tempo :)
Até o próximo, beijos!
Afinal houve parte hot :O
ResponderEliminarNão esperava por isso já que no início tinha dito que não iria aparecer por causa da idade da Amanda, mas gostei.
Concordo com a Estela, também não gostei do Steven nesse capítulo. "Mas que mensagem enigmática há por trás da frase “ Não quero perder-te” para significar outra coisa se não o que as palavras dizem.", não gostei do que ele disse.
Posta logo.
Beijos.
penultimo! já! waw, o tempo passa. quero ver o Steven sair dessa...
ResponderEliminarGostei muito do capítulo!
ResponderEliminarNão sei porque não gostam do Steven. Eu acho que ele ainda não sabe bem o que fazer. Quanto à Amanda, não sei qual é o problema dela (com todo o respeito a ela mesma, estou apenas a falar dela na curtinha) o Steven é o melhor amigo dela e ela tem tanta insegurança. Difícil entender.
Posta logo.
Bjs :)
Hey, já passaram 10 dias, aconteceu alguma coisa?
ResponderEliminar